20110212
Retorno ao dicionário
A vontade é intuitiva, mas imperial. A vontade de criar um pequeno intervalo no tempo e no espaço, e voltar ao território pessoal. Nada melhor para tal do que vasculhar papéis abandonados, procurando para eles uma ordem a que não se submetem. E, depois, ler papéis esquecidos, bem acomodados pela música de Szymanowski, na versão conduzida por Boulez e tocada pela Filarmónica de Viena. E é então que, sem nenhuma razão racional, o dicionário se intromete. O prazer de ler um dicionário com uma ordem que não lhe é natural, da primeira entrada do A em diante. Ainda funciona muito bem, especialmente se estamos a falar da terceira edição do "Dictionary of Literary Terms & Literary Theory", do notável J.A. Cuddon. O autor leva - me especialmente a dois lados. No primeiro, a confirmação de que continuo a saber pouco daquilo que penso que domino. Basta ler as entradas "novel" ou "character" para o confirmar. O segundo caminho é ainda mais interessante. São as descobertas. "Mycterism", "asteismus" ou "calypso" são apenas algumas das milhares de fabulosas lições contidas de Cuddon. Os retornos são importantes.
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