20091019

cosmopolis

A partir da sua narrativa fechada, Do Delillo consegue, em Cosmopolis, trazer para a literatura um dos mais interessantes universos contemporâneos, o dos bilionários imateriais, cuja riqueza criada tem origem apenas na especulação com activos financeiros. Packer, o bilionário, desce Manhattan na sua limusina branca, rodeado de segurança, acompanhando em tempo real as flutuações monetárias globais, e tentando encontrar uma razão para continuar vivo. A capacidade de DeLillo é a de desenhar um circuito ficcional que nos leva a compreender o real que interfere no nosso quotidiano contemporâneo. Tal como na obra pictórica de José Batista Marques "Dead End", que é formada exactamente por uma figura que chega de limusina branca a uma barreira que não consegue ultrapassar, Packer nunca poderá chegar a onde quer.

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